Petrolão, governo, impeachment e sensacionalismo

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Não é de todo ruim que aos atos de corrupção do Estado e empresas públicas e privadas se crie uma cultura de escândalo. Mesmo com bravatas orais afirmando coisas do tipo ‘nunca antes na história deste país…’

O Estado, pessoa jurídica, sempre foi assaltado por ‘autoridades’ e seus comparsas privados. Isto é histórico e qualquer observador atento sabe que é assim. Escândalos milionários já são uma constante no Brasil. Como nunca houve controle, fiscalização, apuração de contas, investigação de evolução patrimonial, sempre se conseguiu ‘chegar’ a centenas de milhões de reais em um único caso. Agora se fala em bilhão de reais. E a descoberta vem sempre muito tempo depois.

É prédio oficial construído sob bandidagem, mancomunação de empreiteiras e empresas com ladrões oficiais e muitos desses escândalos nunca deram em nada. No máximo uma vaidosa CPI no Congresso que muito mais serviu para fazer o comercial de políticos ávidos por aparecerem na TV.

Também com a situação gravíssima da Petrobras, ao que tudo indica, fazendo muito pouco para investigar internamente, exemplarmente como seria seu dever, colaborando verdadeiramente com o cenário ruim, passou-se a falar em ‘impedimento’ da presidente da república. Impeachment.

Mas o sensacionalismo tem que ter medidas. Que mil imbecis se reúnam numa praça pública qualquer pedindo golpe de Estado, intervenção militar ou outra sandice jurídica semelhante, é uma coisa. Mas que a imprensa dê voz a essas disenterias mentais, é de amargar.

Não há qualquer razão, motivo ou fundamento para se pensar em impeachment de Dilma Rousseff. Há uma vitória normal, democrática, nas urnas. E há uma derrota identicamente igual. Ambas e todos devem conviver democraticamente. As eleições já passaram. O palanque também. Agora é hora de não se expor mais o país e a sociedade a riscos, convulsões, paralisações e fraturas.

Polícia Federal, Ministério Público, Judiciário e as defesas dos envolvidos estão trabalhando normalmente. Tudo dentro da lei sem, até aqui, nenhuma suspeita de ilegalidade ou arbítrio. Não se pode aproveitar um crime, ainda que envolvendo milhões ou bilhões de reais, autoridades públicas e empresários poderosos para se querer subverter o Estado de Direito.

As instituições estão funcionando regularmente. Não se gostar de um ou outro partido não dá a ninguém o direito de sonhar com viradas de mesa, golpes de Estado ou intervenção militar.

Se alguém é politicamente ‘perigoso’ em toda essa situação é quem difunde bobagens como solução pela violência. A sociedade não é tola. E os imbecis passarão.  Jean Menezes de Aguiar /OBSERVATÓRIO GERAL.

 

[Republicado no BRASIL 247]

 

 



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