A “beleza” do transporte brasileiro

transporte

(foto-OG). Diana Nacur. Na última semana, foi divulgado pela Veja, sob a classificação de “pesquisa exclusiva”, que as mortes no trânsito no Brasil já superam os crimes de homicídio.

Tenho certeza que, quem mora em regiões interligadas por péssimas e assassinas estradas ficaram espantadas com a expressão “pesquisa exclusiva”.

Qual é a novidade? Qual é a exclusividade do resultado?

No último levantamento feito pelo DNIT, em 2011 (disponível na internet), o número de acidentes e mortes nas estradas brasileiras demonstra que muitos brasileiros conhecem bem esta realidade.

Foi registrado:

– Na BR-101, em trecho no Espírito Santo, foram 1.251 acidentes com feridos e 114 com mortos.

– Na BR-470, em Santa Catarina, foram 1.154 acidentes com feridos e 105 com mortos.

– Na BR-040, em trecho em Minas Gerais, foram 974 acidentes com feridos e 82 com mortos.

– Na BR-381, também em Minas Gerais, foram 1.157 acidentes com feridos e 83 com mortos.

– Na BR-101, em trecho do Pernambuco, foram 785 acidentes com feridos e 74 com mortos.

– Na BR-116, em trecho no Ceará, foram 368 acidentes com feridos e 60 com mortos.

O Brasil é um país de extensão continental, com arcaicos sistemas de transporte e logística de distribuição primitiva. Se algum cidadão do mundo ficar sabendo que 58% da distribuição do transporte de carga no Brasil é feita por rodovias e apenas 25% pelas ferrovias e 0,4% por meio aéreo, tenho certeza absoluta que seremos motivos de chacota.

Se contarmos sobre os transportes coletivos municipais, entraríamos para o hit parade dos comediantes.

Os números são assustadores! Mas não tão assustadores quanto à naturalidade com que as notícias sobre acidentes no trânsito são divulgadas. São vidas, pessoas, famílias, economia, renda, trabalho, alimentação. Toda uma sociedade desejando e necessitando ir e vir.

Enxergo o Brasil como um arranha-céu sem alicerce. Aparecemos no mundo, fazemos barulho, criamos impacto, chamamos a atenção e chegamos até a ocupar a 6ª posição na economia mundial. Mas, qualquer vento ou intempérie é capaz de nos derrubar.

O gigante tinha acordado. Mas, parece que pegou uma dengue, ou foi assaltado, ou sofreu um acidente de carro, ou caiu do arranha-céu. Não sei ao certo.

Só sei que, se não era mesmo pelos R$0,20, não consigo entender o por quê está querendo tirar um cochilo! Motivos para insônia é que não faltam.

diana-nacur[1]Diana Nacur. OG.



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