Texto para o OBSERVATÓRIO GERAL de Rodrigo Martiniano Tardeli, sobre Bela Lugosi e Rimbaud (imagens), duas vidas dramáticas e extraordinárias que influenciaram gerações e grandes nomes, como Picasso, Bob Dylan e tantos. Sexualidade, drogas e genialidade se misturam na releitura historiográfica. Confira a narrativa de Rodrigo Tardeli sobre os intelectuais. OG.
Sobre 20 de outubro
[Rodrigo Martiniano Tardeli]. Para mim, fã de carteirinha de inúmeras coisas, apaixonado pelas letras e pela sétima arte, 20 de outubro é uma data de suma importância. Neste dia, em anos diferentes, nasceram duas das figuras que mais venero e admiro, a ponto de ostentar no meu quarto de dormir, uma foto de cada um deles, ao lado dos antepassados também gloriosos.
Um deglutiu toda a literatura, digeriu, vomitou. E de seus engasgos, surgiu uma nova harmonia – moderna e jamais superada desde então. O outro, saiu dos misteriosos Cárpatos e conquistou Hollywood. Interpretou de Deus ao Demônio, conheceu a alvorada do sucesso e a decadência do fracasso, do vício e da pobreza. Ambos são divinos. Pelas suas biografias tumultuadas e um talento que jamais foi eclipsado, tiveram sua apoteose, principalmente no coração dos fãs, e hoje habitam num Panteão negro, úmido, esquecido e muito pouco visitado.
Jean-Nicholas Arthur Rimbaud nasceu em 1854. Antes de completar vinte anos, havia revolucionado toda a literatura ocidental. Sua obra é curta, nevrálgica, um verdadeiro soco no estômago. Influenciou Claudel, Bob Dylan, Jim Morrison, Cazuza, Tristão de Athaíde, Ivo Barroso (seu melhor tradutor), Pablo Picasso, Dylan Thomas, Allen Ginsberg, Vladimir Nabokov, Bob Dylan, Patti Smith, Giannina Braschi, Léo Ferré, Henry Miller e Van Morrison. É chamado de Poeta Maldito. Não produziu literatura depois dos 21 anos. Morreu com 37 anos.
Béla Ferenc Deszo Blaskó, ou simplesmente Bela Lugosi, nasceu em 1882. Foi o mais famoso intérprete do vampiro Drácula e esta interpretação serviu de inspiração a todas as posteriores. Começou aos 11 anos como intérprete de Shakespeare. Ganhou a Europa, conquistou Hollywood com seu imenso talento, atuou em 13 filmes e mais de 100 peças de teatro, casou-se 5 vezes, era viciado em morfina. Morreu aos 73 anos, sendo sepultado com os trajes de vampiro.
Rimbaud, espalhafatosamente bissexual. Bela, convictamente heterossexual.
Rimbaud usou ópio e haxixe para aumentar a inspiração, para atingir “flóridas incríveis” e se fazer vidente. Bela, em sua adicção, buscava alívio, esquecimento para as dores físicas e morais que o cercavam.
Tão diferentes, tão geniais, tão próximos de mim. Dois dos meus heróis.
Que 20 de outubro mais estranho….
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