FHC comparando Dilma a Jango. Ãh?

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Fernando Henrique Cardoso é um sujeito estudioso. Neste aspecto sempre foi bem diferente da tucanada eleitoreira que se mantém no páreo. Recentes episódios vêm mostrando que ser oposição e estar no palanque – não é o caso de FHC-, ao mesmo tempo, equivale a uma vida drogada, pela facilidade de se falar bobagem.

Mas FHC comparar Dilma a João Goulart é uma pernada histórica. Será que o ex-presidente ficou doido?

O historiador Boris Fausto (História do Brasil) ensina que ‘O passado histórico é um dado objetivo e não pura fantasia, criada por quem escreve’.

São tantas as incongruências entre Dilma e Jango que precisariam um livro. Em relação a João Goulart e seu início de governo tem-se a posse indesejada com veto militar ao seu regresso da China; o pânico comunista pela suposição da brecha sindical em seu governo; o cenário mundial da guerra fria e a política esquizoide de segurança nacional; a mudança de jogo na última hora para um humilhante regime parlamentarista e a posse com poderes atrofiados.

Num desenho institucional desses, safado e bambo, com uma democracia apenas consentida pelos militares, a probabilidade de que algo fosse dar errado era altíssima. Deu. Quiseram que desse.

Nada disso se parece com os governos atuais, inclusive os cenários pré-Lula, ou seja, o próprio FHC. A democracia – principalmente agora em épocas de internet e informação aberta- se estabilizou com sistemas sedimentados e criou culturas populares próprias. Daí, meia dúzia de imbecis pedindo golpe e marcha de família é algo patético. Além de cafona e mentalmente famélico.

No plano pessoal, Jango nunca foi uma referência política séria. Ninguém menos que Celso Furtado, seu ministro do Planejamento, muitos anos depois, em 1999 acabou afirmando: ‘Era um primitivo, um pobre de caráter’. Na visão atual, ficou como ‘um dos mais despreparados e primitivos governantes da história nacional’, nas falas de Elio Gaspari em sua obra de fôlego em 5 volumes, sobre o período militar.

Em relação à sociedade, o quadro com Jango não era melhor. Imaginava-se certa exaustão do que se chamava de ‘populismo’. Tecnocratas roxos minavam movimentos populares com um antídoto cartesiano que propunha fórmulas garantidoras do sucesso para um desenvolvimento nacional ‘científico’. Era conspiração sobre conspiração.

Já numa democracia estabilizada como atual, até o conceito de ‘populismo’ poderia receber leituras positivas. Seria um bom caldo cultural de uma sociedade que aprendeu a comparar. Saboreou o voto ao mesmo tempo que percebeu os horrores da ditadura. Gostou do consumo básico ao mesmo tempo que se informou sobre o que era o cenário brasileiro atrasado com imensas diferenças tecnológicas e de acesso entre o Brasil e o exterior.

FHC comparar Dilma a Jango é propor um golpe, coisa que não pertence, originariamente, ao perfil do ex-presidente. Talvez patetas atuais do palanque de oposição que sequer sabem quem vai concorrer com Dilma, em desespero com uma vitória anunciada em primeiro turno da petista, tenham pedido a FHC, como ‘ultimo ato’, este discurso infame.

A guerrilha e o terrorismo midiáticos nas eleições de 2014 deverão dar o tom da ‘ética’. Personalidades brilhantes serão alugadas para dar plantão com frases de efeito no palanque dessa oposição bamba, cuja marca mais forte é a falta de organização e o fogo amigo. Por todos esse Serra-sempre que não desiste. Numa análise histórica, o próprio PT não escapa muito da mesma crítica, mas conseguiu cair espetacularmente no colo direto do povo e derrotar um modelo FHC-PSDB-direita cansado e carcomido.

Voto não se mede pela intelectualidade, riqueza pessoal ou beleza de quem vota. Mas apenas pela quantidade dos votos. É só número. Aí o desespero da atual oposição. Sabe que a chamada ‘juventude tucana’ é uma piada. Nunca será uma torcida do Flamengo ou do Corinthians.

E comparar Dilma a João Goulart é estimular o golpismo. O golpismo na base do ‘golpe, por que não?’ Uma péssima e desastrada fala de FHC. OBSERVATÓRIO GERAL.



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