R$1.000.000.000.000,00. Isso mesmo.

BSB 1 trilão

(foto-OG). Um tri-lhão. É a despesa do governo que pretendia economizar “míseros” 10 bilhões. Ou seja, fazer a despesa cair para 990 bilhões. O fato é que gastou 1 tri. Qual o problema disso? A ausência de efeito psicológico, de preocupação nas “autoridades” que vivem sob conforto, mimo, regalias, “direitos legais” e viagens faraônicas. Exagero? Não. Parte dos jornalões insiste no conceito de “teto constitucional” para salários. Quem se preocupa com isso? Teto… Essa casa da mãe Joana chove dentro. Mas é dinheiro.

É mais do que óbvio que esse 1 trilhão não é gasto com os mimos pessoais e garantias vitalícias, eternas e sucessíveis das “autoridades”. Mas o que faria elas pensarem 50 vezes antes de queimar dinheiro público seria não terem a vida “garantida” que têm em relação aos brasileiros em geral. Se elas precisassem se “preocupar”, como todo trabalhador se preocupa, talvez o dinheiro público fosse menos vergonhosamente gasto em coquetéis, recepções, homenagens, viagens, férias sempre na Europa, carrões, seguranças, apartamentos funcionais com 5 banheiros em Brasília para praticamente qualquer um. E não só lá. Também planos de saúde de primeiro mundo, aposentadorias, pensões, fundos, nepotismos cruzados que garantem empregos milionários para filhos, namorados, enteados, agregados, sobrinhos, apadrinhados etc. Exagero? Escatologia ao Estado brasileiro? Não. Assista Tropa de elite…

A grande imprensa se cansa disso, com razão. Ou só muito esporadicamente “reúne” todas as mazelas dos governos em uma só edição de jornal. Mas fique tranquilo. Aqui estão apenas algumas. Não falamos no interesse quase que histérico por “obras” públicas. O sonho dos Executivos em verem tratores indo para lá e para cá, guindastes, areia e cimento e barulho de britadeira. Cada ra-tá-tá-tá das britadeiras de obras públicas deve equivaler a  1 real que entra na conta de alguém, em algum lugar, sob algum nome, por “comissão”. Exagero?  Não.

Recomendamos Histórias do Brasil profundo, do saudoso jornalista Marcio Moreira Alves. Na página 12, há um retrato do país: “Só rouba o Estado quem tem poder, sobretudo o poder de fiscalização. E ninguém rouba sozinho. São sempre escândalos em cadeia, que não produzem qualquer punição para os seus autores. Se os de cima roubam, os de baixo se sentem também autorizados a roubar.”

Do mesmo jeito que Aloisio Mercadante se disse “forçado” a enaltecer Delfin Neto quando este em 2009 recebeu o prêmio de Economista do Ano, há-se relembrar uma triste figura da história brasileira. Exclusivamente por um único detalhe. Trata-se do general Emilio Garrastazú Médici, o mesmo que, quando de sua morte, alunos da Ufrj estenderam uma faixa: “Já vai tarde”. A referência ao general é feita pela genialidade do jornalista Elio Gaspari, em seu suntuoso livro A ditadura escancarada, p. 133.

Nas próprias palavras do jornalista, lê-se sobre o general: “Passou pela vida pública com escrupulosa honorabilidade pessoal. Da Presidência tirou o salário de Cr$3439,98 líquidos por mês (equivalentes a 724 dólares) e nada mais. Adiou um aumento de carne para vender na baixa os bois de sua estância e desviou o traçado de uma estrada para que ela não lhe valorizasse as terras. Sua mulher decorou a granja oficial do Riacho Fundo com móveis usados recolhidos nos depósitos do funcionalismo de Brasília.” Qual “autoridade” agiu assim nas últimas décadas?

Não adianta cara feia pelo fato de se citar o governante responsável pelo período mais truculento da ditadura. O caso é que numa época atual em que ministro de Estado luta para não perder o salário de vice-governador, exemplos dessa ética ou esse rigor pessoal com o dinheiro público, na gestão do Estado parecem não existir mais. Atualmente, até o tal do “nepotismo-meia” ou “nepotismo cruzado” figuras de Brasília inventaram. Eu nomeio o seu filho e você nomeia o meu e aí escapamos da acusação de ilegalidade. Chegaria a ser patético se não fosse imoral.

Triste Brasil. Como cantava a pimentinha Elis na música do lindo Aldir Blanc: “O Brasil não merece o Brasil”. Um trilhão de reais. E o que mudará na vida do brasileiro? Nada. Exagero? Não. Infelizmente, não. Já que o governo quer festa, só nos restam as ruas. Cadê a minha cartolina e o meu pincel? Jean Menezes de Aguiar.



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