Intelectuais e pensadores, não poucos, condenam os movimentos genéricos contra a corrupção. Chegam a dizer que têm um pé na direita. Exatamente por serem genéricos, não seriam nada. Dizem que o combate a uma coisa óbvia, como “corrupção”, algo que não guarda uma pauta específica, não é um “tipo” de conduta a se atacar. Na mesma linha, afirmam que acabaria sendo uma espuma para encobrir outros interesses.
Pode ser. Mas não é o tema, genérico em si, que esconde alguma coisa. São, sim, as pessoas ou organizadores que podem ter uma ou outra ideologia. Se um movimento for específico, por exemplo, contra a sodomia financeira no TCU ou no Senado Federal, com gente da direita, será um movimento da direita. Se for com gente da esquerda, sê-lo-á da esquerda. Não é o tema que dá norte à ideologia. Mas as pessoas, os organizadores e suas ligações, ótimas ou velhacas.
Estes mesmos críticos sociais conseguem captar, sem qualquer dificuldade, se estão diante de uma conversa com alguém da direita ou da esquerda. Isso consome 30 segundos de bate papo. E aí escolhem se continuam ou não a trela. Movimentos da direita ou da esquerda são legítimos.
O grande gancho interessante no mar da corrupção é o estímulo à conscientização. Há praticamente 50 anos se vive uma corrupção aguda e indecente no país. Tudo de uma forma organizada e totalmente democrática em prol de uns mesmos, no poder público, ou melhor, com “autoridades”. Não interessa qual Poder ou órgão. A prática corrupcional é sistêmica. O sujeito honesto chega e encontra as quadrilhas e os esquemas já em atividade. A imprensa já mapeou praticamente tudo. Por que as “corregedorias”, austeras e soberanas, não fazem nada é outro problema.
São favores, interesses, adiantamentos, pequenas vantagens, comissões, arranjos, filas a serem furadas para parentes, enteados, namorados, garotas de programa, amiguinho do filho, do amante da esposa etc. É tudo organizado e sabido. Não se pense que esta visão é escatológica. Não é.
Daí, os movimentos populares são importantes. Mesmo os conservadores, direitistas e reacionários. Mesmo que destilando ódio a partidos ou políticos na totalidade, como se fosse possível uma democracia despartidarizada e sem representantes eleitos. Algumas casas oficiais são verdadeiros prostíbulos do dinheiro público. Mas o que importa é a sociedade se unir contra isso. E com uma imprensa livre, tudo fica mais fácil.
Era muito pior quando movimentos populares assim não havia. Era uma ideia de que “no fundo” a coisa não era tão descarada assim. Pelo menos com os movimentos as tais “autoridades” sabem que serão cobradas, instadas e expostas. É um ganho social importante. De qualquer jeito, há um novo Brasil. E este nos interessa. OBSERVATÓRIO GERAL.
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