O Nordeste é uma ‘bosta’? E Rio, São Paulo e Porto Alegre são ‘perfeitos’?

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Gente filiada ao ‘chatissimamente correto’ quer processar o jornalista gaúcho Peninha (foto), do Sport TV. No programa Extra-ordinários (repare o nome!) o cara disse que o Nordeste é uma bosta. E isso lá é motivo para processo judicial? E se ele dissesse que o Rio ou Sampa são uma bosta? Ou Nova Iorque? Quanto faniquito.

Há uma gente de quinta vagando pelo país, consumindo apenas reclamação e ódio. Um pessoal que não produz nada, não escreve, não inventa, não encanta. Apenas destila intolerância. A própria expressão ‘bosta’ já é uma bosta. A fala de Peninha não é intolerância, é sátira, sarcasmo ou apenas uma expressão de passagem, uma brincadeira só.

Existe no direito, estudado cientificamente, o ‘direito de sátira’. Se é para falar em processo judicial que ao menos se leia algo. O jurista Anderson Schreiber coordena a obra ‘Direito e mídia’, 2013, editora Atlas. É um ótimo começo. Na página 97 o artigo ‘Direito de sátira: conflitos e parâmetros de ponderação’, de Ivana Pedreira Coelho discute exaustivamente o que ofende e o que satiriza.

Há que se parar com essa esquizofrenia social de tudo ser resolvido em processo judicial. Não gostou, critique, reclame, exponha o autor, à vontade, à sua opinião. Demonstre, se houver, a idiotice do autor. Estabeleça um diálogo, o que para muita gente é difícil, já que o fácil é apenas ofender e querer ‘processar’. Mas nem tudo tem que virar um processo judicial.

O consumismo da sociedade também chegou na forma de se querer acionar judicialmente o vizinho, o cunhado e o mundo. Esta praga social do ‘processismo’ não leva a nada. O poder judiciário é lentíssimo, caro e todo mundo sabe que é preciso uma imensa quantidade de sorte para se sair bem.

Particularmente posso falar do nordeste (acho!). Minha mãe é baiana. Agora é assim. Para se fazer qualquer referência na sociedade da intolerância o cara precisa se defender previamente. Patético. ‘Gaúchos’ são conhecidos por sua vaidade ou bairrismo quase doentios. Acham SP um subúrbio e Rio uma porcaria, ou coisa parecida. Só o Rio Grande do Sul é que presta. Teve até um maluco por lá querendo a independência do Sul. E o pior é que muita gente lá sorriu para a ideia. E olha que ‘Poa’ é tudo de bom. Principalmente a mulherada belíssima.

Afora a maluquice de cada um, carioca, paulista, sulista, baiano ou cearense, todo lugar é bom e ótimo, e todo lugar é, ao mesmo tempo, uma bosta. Basta, por exemplo, você ser assaltado nele. Experimente ser assaltado na saída do zoológico de Nova Iorque ou na saída de um Grenal em Porto Alegre. Será que não dirá que ‘aquilo’ é uma bosta? Claro que sim.

Quer saber? Mantenha-se longe de gente intolerante. Esta sim é que é uma bosta. Peninha, desanque com tudo e com todos; a crítica é livre e a democracia voltou. Já há muito tempo. Jean Menezes de Aguiar/ OBSERVATÓRIO GERAL.

[Matéria republicada no site Brasil 247]



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