Tratar delegado de polícia por ‘excelência’ – fala sério!

PM-crianças

Homenagem à “Gloriosa”

Algumas polícias do país, diante de uma nova lei ‘aí’, estão querendo que seus delegados de polícia sejam tratados por ‘vossa excelência’. Parece piada, mas não é.

A polícia de Minas Gerais passou a querer que a PM trate seus delegados assim. Pronto, a rixa está entumecida.

Como todo mundo tem seu lóbi para se importantizar e jurar que sua função é ‘nobre’ e ‘indispensável’, só faltam daqui a pouco coronéis da PM e do Corpo de Bombeiros se mexerem para também ser chamados de ‘excelência’.

Num país cujo Estado sempre foi o ente mais desonesto, com mazelas, roubalheiras, safadezas e quadrilhas oficias, e a criminalidade é histórica em níveis de quinto mundo, a preocupação desses delegados beira ao ridículo. É quase Voltaire, o filósofo então odiado, em Dicionário de Filosofia, verbete Orgulho.

Conquanto este sentimento não seja de todo justificado em tão mesquinho animal como o homem, poderíamos no entanto perdoá-lo a um Cícero, a um César, a um Cipião; mas que nos confins de uma das nossas províncias meio bárbaras um homem que houver comprado um cargo insignificante e feito imprimir versos medíocres decida estar orgulhoso, eis o que dá matéria para nos rirmos longamente.

O lúcido e crítico artigo – abaixo- de Josias Alves, policial federal, bacharel em direito e jornalista, publicado originariamente no Brasil-247 é um ótimo retrato da preocupante situação. Ou será patética? Vale conferir. OBSERVATÓRIO GERAL.

 



Categorias:Cidadania online

1 resposta

  1. Excelente artigo!

    “Num país cujo Estado sempre foi o ente mais desonesto, com mazelas, roubalheiras, safadezas e quadrilhas oficias, e a criminalidade é histórica em níveis de quinto mundo, a preocupação desses delegados beira ao ridículo.”.

    “Enquanto Vossas Senhorias e/ou Vossas Excelências discutem a forma de tratamento, a população sofre os efeitos do aumento da criminalidade e da impunidade. O Mapa da Violência 2014 revelou que mais de 56 mil pessoas foram assassinadas no Brasil, em 2012 (média de 154 por dia). Estudos também mostram que, em média, menos de 15% dos casos de homicídios são elucidados.”.

    “Quanto a crimes menos graves, como furtos e roubos, a maioria nem chega a ser investigada, revelando a falência generalizada dos órgãos policiais e do nosso modelo de persecução criminal, como mostrou recente reportagem Baixo número de inquéritos mostra o “colapso” de órgãos de segurança, publicada na revista Consultor Jurídico.”.

    “O livro Um País sem excelências e mordomias (Geração Editorial, 2014), da jornalista brasileira Claudia Wallin, radicada na Suécia, lançado em junho, deveria ser leitura obrigatória para delegados, juízes, detentores de cargos políticos e todas as autoridades públicas. Em especial, aquelas que enxergam mais valor no pedantismo do tratamento protocolar arcaico que à competência, eficiência e dignidade que conferem (ou não) a verdadeira excelência a cargos públicos.”.

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