Julho/2018 – cadê o candidato do PT?

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Para quem tem o PT como credo de vida, e Lula como deus, este artigo pretensamente isento não presta. Em nada. Mas para outros prestará.

 

Julho de 2018 e o PT, inacreditavelmente, ainda aposta em Lula. Não um Lula de antigamente, livre, leve e solto, mas um Lula investigado, denunciado, condenado em 1ª instância e condenado em 2ª instância.

 

A abordagem aqui é apenas uma abordagem formal, de como o sistema estatal, oficial, jurídico vê a figura do ex-presidente. Não é uma abordagem de ‘como deveria ser’, para este ou aquele adepto ou crítico de Lula.

 

Para leigos em Direito, o fato evolutivo de Lula ter passado por estas 4 fases oficiais –  investigado, denunciado, condenado em 1ª e condenado em 2ª instância –  pode, talvez, não dizer muito. Para os adoradores de Lula talvez represente pouco, ante uma crença na inocência do petista e uma teoria da conspiração bem complexa envolvendo polícia, Ministério Público e Judiciário. Mas para qualquer estudante de Ciências Jurídicas, uma pessoa com esse peso sobre as costas está em situação não apenas dificílima, mas provavelmente irreversível. Só o tempo dirá.

 

É aí, precisamente, que surge o questionamento. Por que o PT continua a apostar no caro Lula? E há que se reconhecer alguns paradoxos no questionamento. A resposta atrai explicações não muito simétricas com qualquer lógica que fosse ‘reta’.

 

Em política, muitas vezes a lógica é ‘outra’. Os questionamentos também são outros. Os fatores que devem orientar o pensamento são outros. E, claro, as respostas também podem ser outras.

 

Um primeiro grupo dirá que o PT continuar a apostar em Lula é um marco político de resistência, mesmo ‘anulando’ potencialmente a eleição de 2018. Um segundo, dirá que é um marco de homenagem à figura-mártir que Lula deverá passar a representar. Um terceiro, dirá que apostar em Lula dá musculatura ao PT já meio caído com tantos escândalos e um então sucessor de Lula poderá surfar nesta força de re-união partidária. Um quarto, ainda, dirá que a resposta é tudo isso aí de cima junto.

 

Mas haverá quem diga que apostar neste Lula condenado é um suicídio político. A menos que o PT queira se suicidar relativamente à eleição de 2018. Esta hipótese não seria historicamente impossível, num contexto de absolvição posterior. Mas seria mais uma aposta radical.

 

Todas essas opções acima vêm como opções lúcidas e sabidas, desejosas e conscientes. Mas pode ser ainda o caso de o PT estar apenas … errando, largamente.  Sim, o PT como entidade é passível de erro, como qualquer núcleo humano de vontade e ação. Por esta opção, o PT estaria apostando em seu grande líder sendo que este não poderia mais dar o retorno efetivo em candidatura, ou voto, ou diplomação a um cargo eletivo. Triste assim. Ou patético.

 

Não admitir a hipótese de erro é próprio do pensamento arrogante, do pensamento salvívico, ou do pensamento sonhático.

 

Estima-se que as cabeças pensantes do PT estejam vivendo séria crise, cochichando internamente em como resolver a pendência-2018. Mas o tempo não para e se está em julho de 2018.

 

Ciro Gomes que seria um caminho ‘razoável’ para o PT – traria ares externos, reoxigenantes-, parece despertar fúrias e nojos na legenda. Internamente – ou será estranhamente? – , nenhum nome aparece com cacife para uma candidatura a presidente. Algumas cabeças muito boas do partido como o professor Aluísio Mercadante parecem estar proibidas de cogitar um voo em direção à ‘salvação’ da legenda.

 

O que o PT fará continua sendo um mistério. Mas, de novo, o problema é o tempo, julho de 2018.

 

Para falar o mínimo, o PT está errando, largo, errando feio.

 

A menos que a aposta em Lula seja apenas um marco histórico e não uma efetividade, uma plausibilidade eleitoral, persistir neste erro representará uma derrota ‘pior’ de o que já se avizinha por tudo recente que se assistiu.

 

A sedução das pesquisas que apontam Lula como primeiro não deveria estar gerando muita confiança a próceres pensantes do partido. Pesquisas consideram esperanças, sonhos e desejos. É, efetivamente, um projeto do imaginário convertido em percentual. E o que há segurando, impedindo Lula são esferas legais e físicas, afetações ambulatoriais que efetivamente impedem a liberdade física do ex-presidente.

 

Já passou da hora de o PT discutir a hipótese-2018. O que o partido fará para se reinventar pode representar a triste estrada para um fim imediato. Mas, como se diz popularmente, ele deve saber o que está fazendo.

Jean Menezes de Aguiar



Categorias:Política

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