(foto-OG). Preconceito contra Cuba Fonte: jornalista Leonardo Attuch, 247.
Por razões políticas, e não técnicas, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, sustou a contratação de médicos cubanos e abriu as portas para espanhóis e portugueses.
Divulgado todos os anos pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), o Índice de Desenvolvimento Humano é calculado com base em três critérios básicos: saúde da população, acesso ao conhecimento e bem-estar material, medido pela renda per capita e por padrões de igualdade social. Dos países latino-americanos, Cuba é o terceiro melhor colocado, atrás apenas do Chile e do Uruguai, e bem à frente do Brasil.
Dos indicadores cubanos, o que mais se destaca é a saúde. Na ilha, a expectativa de vida ao nascer é de 79,3 anos, muito próxima do padrão europeu, e também bem acima dos 73,8 anos, no Brasil. Um dos fatores que explicam o bom desempenho é o gasto de 9,7% do PIB em saúde, acima dos 7,5% de Portugal, dos 6,9% da Espanha e dos 4,2% do Brasil.
Com o investimento acumulado ao longo dos últimos anos, Cuba tem hoje um “superávit” na área de saúde, enquanto o Brasil é largamente deficitário – lá existem 6,4 médicos para cada mil habitantes, contra 1,8 no Brasil. Por isso mesmo, médicos cubanos são aceitos em vários países do mundo – inclusive em Portugal e na Espanha, que, a partir de agora, estarão aptos a exportar médicos para o Brasil.
Ao lançar o programa Mais Médicos, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, passou a tratar os dois países ibéricos como prioritários e sustou a contratação de cubanos. Por quê? Simplesmente por medo de que essa importação de profissionais, que foram tratados pela revista Veja como “espiões comunistas”, pudesse prejudicar sua eventual campanha ao governo de São Paulo.
Ou seja: além de preconceituosa, foi uma decisão meramente política – e não técnica.”
OBSERVATÓRIO GERAL – A situação é meio patética. Como 0 ministro está de olho na sociedade paulista para tentar se eleger e sabe que rola um conservadorismo atroz por aqui, daqueles que se você for simplesmente a passeio a Cuba pode ficar estigmatizado pelos próximos 1500 anos, acabou abrindo mão da sabida competência cubana na área da saúde. Escolheu países mais “amigáveis” das mentalidades brasileiras no sentido de que ele próprio não ficasse “mal visto” por ter optado por Cuba. Triste visão em que a competência reconhecida é solapada por interesses eleitorais. É claro que conservadores xingarão Cuba, xingarão os médicos cubanos, perguntarão dando asas à teoria da conspiração “por que precisamente Cuba?”, sem se questionar sobre a própria indagação que esconde o preconceito. Enquanto isso, pessoas precisando de médicos continuam sem atendimento. Depois, muita gente diz que “esse negócio de esquerda e direita não existe mais”. Só rindo.
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