Começa a ficar evidente uma distância entre a imprensa conservadora, originariamente milionária das TVs e jornalões, e uma chamada nova imprensa, on line, mais rápida e instantânea. Um desses segmentos é o “jol”, jornalismo on line.
A velha imprensa se especializou em 5 fatores que, mais ou menos, guarda como segredos. São coisas manjadas no jornalismo: medo, escândalo, caos, pânico e terror. Qualquer observador atento verá que em toda primeira página dos jornalões e chamadas de programas jornalísticos na TV pelo menos um desses fatores está presente. A regra não vende. Só a exceção.
E aí surge uma dúvida do tipo quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha. Se a imprensa antiga continua a utilizar essas sabotagens jornalísticas é porque a sociedade demanda, compra e se lambuza. Daí a imprensa é assim porque a sociedade quer ou é assim porque sua vocação para o extraordinário é esta?
Parece não haver dúvida que a segunda opção é a mais correta. Ainda que alimentada, sim, por uma sede de sensacionalismo da sociedade. E com o fim da ética e o consumismo louco, o sensacionalismo virou saborosa pimenta. Antigamente havia diferença entre imprensa marrom e a não marrom. No presente, parece que a cor-trauma de Roberto Carlos, o marrom, se impôs como regra na imprensa.
O fato é que isso criou uma nova sociologia. Saída de um entrechoque interessante entre a velha imprensa e uma que seria nova: a dos sites, blogs, jornais alternativos, redes sociais etc. Jornalões e velha imprensa mais lentos começam a não atender à urgência da sociedade. Fincam-se nos 5 fatores que assustam para suplantar a rapidez, mas não conseguem.
Por outro lado, imensa parcela bastante conservadora desta mesma sociedade ainda não consegue descolar a confiabilidade que deposita na velha imprensa.
A luta é simétrica. O novo jornalismo tenta se impor, muitas vezes desqualificando a velha imprensa, até ridicularizando-a. Ainda que em muitas vezes beba em suas fartas águas. Já a velha imprensa resiste, mantém-se conservadora e em alguns casos em piora explícita.
Um caso nítido de piora no jornalismo, se é que aquilo pode ser chamado assim, é o que ocorre nos programas policiais vespertinos de TV. A busca pela audiência a qualquer preço ou sem qualquer ética faz com que um largo naco dessa velha imprensa se “prostitua” daquela forma. Dizer, simplistamente, que “aquilo não é jornalismo” não resolve. E nenhuma entidade de jornalismo nega abertura de portas àquelas figuras e seu mentores em seus cadastros e registros profissionais.
É como se a medicina e todas suas entidades concebessem e aceitassem açougueiros atuando como cirurgiões. E não se diga que o exemplo é um exagero. A maior luta do jornalismo conservador é pela necessidade de diploma, coisa que jamais terá qualquer poder de afastar Datenas, Ratinhos e congêneres da TV. Se todos somos macacos (e somos), todos somos jornalistas.
Em épocas de eleições, cada vez mais a crise ficará nítida. A demanda interminável é por escândalos e mais escândalos. Não interesse se isso pode “detonar” o país, arruinar planos governamentais sérios que deveriam ser priorizados, ou entidades inocentes que iriam para o buraco.
É totalmente assimétrica a relação entre o sensacionalismo criminoso ou ofensivo e sua devida indenização jurídica no Judiciário. Estima-se que uma capa de Veja venda milhões de reais. Mas sabe-se que o juiz, na hora de condenar, nos corriqueiros muitos anos depois, bate o martelo em 50 ou 100 mil reais. Ou seja, difamar, caluniar, injuriar e ofender continuam sendo um ótimo negócio para a imprensa conservadora.
Casos como o de Collor que conseguiu perto de um milhão de reais de indenização, fato recente, chegam a soar totalmente estranhos num Judiciário cerimonioso de conceder este valor até para mortes trágicas.
Os 5 fatores que parecem nutrir a imprensa deveriam causar sério problema de falta de credibilidade. Mas, de novo, a crença é bastante cega e a sociedade não reage: aceita o que lê e ouve. Ao mesmo passo que a crítica não é a prática na leitura do fato social da massa, da maioria.
O observador atento pegará em manchetes e matérias jornalísticas políticas, até as eleições, as futricas, as mentiras, as implicâncias, os passionalismos, e as ideologias. Não é difícil e a época eleitoral serve como grande aprendizado.
Muitos veículos de comunicação – há quem queira todos- têm o coração e a mente dedicados a um candidato ou a uma cepa ideológica determinada. Assim, tudo é canalizado para aquele rio, aquele duto que leva a um mar específico.
Grandes veículos tentam disfarçar, o que pode ser “pior”. Fingem uma isenção que tem por finalidade apenas ludibriar e manter uma tal “imparcialidade”.
De toda sorte, saber que a velha imprensa cedeu ao sensacionalismo não é das melhores coisas. A imprensa precisa se repensar seriamente. Não apenas “dizer” que faz isso. Até aqui não consegue mais enganar ninguém. OBSERVATÓRIO GERAL.
[Artigo da semana nos jornais O DIA SP e O ANÁPOLIS, GO]
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