Se todo ano houvesse eleição, os debates eleitorais de Tv acabariam na primeira repetição anual. A fórmula engessada, artificial, incômoda para todo mundo ali, insistida pelas emissoras de televisão não propicia qualquer debate mais autêntico. Só quem ganha são as emissoras, em audiência e anunciantes.
Os ‘mediadores’ nunca acostumados a debates sérios, acalorados e possivelmente verdadeiros – sim, praticamente tudo no jornalismo atual de Tv é comodamente editado, maquiado e de mentirinha-, se mostram em péssimos lençóis. Não sabem o que fazer. Atrapalham-se todos. Dos mais bonitinhos e bonitinhas aos mais coroas da Tv.
Além disso, tomem-se patrulhamentos e pieguices comportamentais. Fica embutido, todo o tempo, um controle ditatorial e cerceador no sentido de que debates acalorados são sinônimos de falta de educação, vulgaridade, violência ou agressão.
Também, o que o público deveria assistir, os candidatos sob alta pressão presencial e ao vivo, respondendo a perguntas incômodas, invasivas, desgastantes e fundamentadas, raramente é visto.
Se o tempo de pergunta é de 1,5 minuto, o sujeito gasta 1,4 para falar de si próprio e 5 segundos para fazer a pergunta às pressas. Quando não fala de si próprio, responde a questões da semana passada, utilizando o debate como palanque ou tergiversa acusando o oponente sem qualquer pé nem cabeça.
A função dos candidatos ali tem se mostrado uniformemente destrutiva, baixa, mal elaborada e um faz-de-contas. Até o beijinho no rosto no encerramento mostrado (propositadamente?) pela Tv cai mal. A impressão é que quando sai dali todo mundo cai no chope duma churrascaria de beira de estrada.
A solução não é fácil. A Globo, em 2.10.14, tentou uma coisa diferente, forçando os candidatos a ‘andar’ e ficarem frente à frente. Alguém deve ter dito a seu chefe: genial, inovador. Mas o vício jornalístico da imagem em close não mostrou o tal do frente à frente. Não se conseguiu ver a expressão de ódio ou de desânimo do oponente na hora da pergunta ou da crítica.
Esses formatos engessados, híbridos e intencionalmente frios e comportados das emissoras que temem ser confundidas com programas vulgares e de baixo nível é péssimo para o eleitor minimamente inteligente.
As ‘assessorias’ dos candidatos também são culpadas. Esse Fidelix aí, outro dia desancou uma verborragia de quinta categoria e foi massacrado pela imprensa. Mas somente com esse descontrole e ódio verbais dele é que se conhece o verdadeiro candidato. Esses furúnculos mentais precisam ser expostos.
Os debates não devem querer tutelar ou poupar o eleitor de verdades adultas, agressões ou bate-bocas, em nome de um suposto comportamento educado idealizado pela moral, invariavelmente conservadora, da emissora de Tv. O péssimo moralismo-luz-vermelha do ‘vamos manter o nível’. Esta intromissão valorativa das emissoras, a imposição de sua suposta ética de plantão num debate é péssima. Candidatos não têm que se portar como bonecos ou atores, como planeja a emissora.
Eleições são para gente grande. E quem desce para o play tem que saber brincar. As emissoras de televisão perderam a chance, mais uma vez, de até estimular e permitir debates viscerais, cruéis, desagradáveis e naturalmente verdadeiros. Não essas salas sociais de mentirinha, com momentos cronometrados e um mediador mais para inspetor de colégio antigo pronto para ralhar com quem quebrasse regras. OBSERVATÓRIO GERAL.
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“Embates” vergonhosos!